O que é lábio leporino
As fissuras labiopalatinas são os defeitos congênitos mais comuns entre as malformações que afetam a face do ser humano, atingindo uma criança a cada 650 nascidas, de acordo com a literatura especializada. De origem latina, a palavra “fissura” significa fenda, abertura.
O QUE É FISSURA LABIOPALATINA?
A maioria dos estudos considera as fissuras labiopalatinas como defeitos de não fusão de estruturas embrionárias. Ou seja, tanto o lábio como palato (“céu da boca”) são formados por estruturas que nas primeiras semanas de vida, estão separadas. Estas estruturas devem se unir para que ocorra a formação normal da face. Se, no entanto, esta fusão não acontece, as estruturas permanecem separadas, dando origem às fissuras no lábio e/ou no palato. As fissuras faciais são estabelecidas na vida intrauterina, no período embrionário (ou seja, até a 12a. semana de gestação), e apresentam grande diversidade de forma pela variabilidade na amplitude e pelas estruturas afetadas . Há um fechamento, um encontro das duas partes do rosto, e onde antes tinha uma fenda divisória de formação (lado direito e esquerdo do rosto) e passa a existir o sulco abaixo do nariz. Se esse sulco não se fecha completamente, o lábio leporino aparece ou em uma ultrassom ou mesmo na hora do parto. O lábio leporino nada mais é do que a não junção dos ambos lados da face verticalmente, céu da boca e até mesmo o palato ou ambos os lados, direito e esquerdo em alguns casos raros.
POR QUE OCORRE?
Não há apenas uma causa para a ocorrência da fissura. Acredita-se que a fissura se dê por uma interação de diversos genes associados a fatores ambientais; este modelo é conhecido como herança multifatorial
Os fatores ambientais mais conhecidos que são de risco para as fissuras são: bebida alcoólica, cigarros e alguns medicamentos (como corticóides e anticonvulsivantes), principalmente quando utilizados no primeiro trimestre da gestação. A ação destes fatores ambientais depende de uma predisposição genética do embrião (interação gene versus ambiente). Hoje, com o avanço das tecnologias de imaginologia, é possível identificar a ocorrência de fissura por exames de imagens no período pré-natal.
COMO É O TRATAMENTO?
O processo de reabilitação é longo e deve observar o crescimento craniofacial do indivíduo para que não haja sequelas, como crescimento ósseo inadequado. A reabilitação compreende etapas terapêuticas de acordo com idade e crescimento, e envolve a atuação de diversas especialidades.
A rotina adotada prevê umatendimento inicial realizado por uma equipe de diagnóstico interdisciplinar, composta por profissionais da cirurgia plástica, fonoaudiologia e odontologia, especialidades consideradas o tripé básico na reabilitação das fissuras, além de um profissional de genética. Após essa primeira avaliação são discutidas as condutas terapêuticas iniciais e realizado encaminhamento para exames e outros atendimentos, de acordo com a necessidade de cada caso.
Ou seja, embora haja um protocolo comum de etapas e condutas terapêuticas no tratamento da fissura labiopalatina, cada caso é único e analisado individualmente, pois a evolução do tratamento depende de vários fatores individuais. O protocolo estabelece as épocas adequadas de cada intervenção, sempre respeitando o crescimento craniofacial e a maturidade fisiológica do paciente. No total, o tratamento leva de 16 a 20 anos para se completar.
ÁREAS ENVOLVIDAS
Cirurgia plástica: responsável pela correção da fissura por meio de cirurgia. Durante o tratamento, são necessárias mais de uma cirurgia, de acordo com o tipo de fissura, o envolvimento de outras estruturas (nariz, lábio, palato etc.), e crescimento do paciente. Em geral, a criança recebe a primeira cirurgia de lábio nos três primeiros meses após o nascimento, e o fechamento do palato por volta dos 18 meses de idade.
Fonoaudiologia: responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento da fala, considerando as dificuldades fonoarticulatórias que as pessoas apresentam em decorrência da fissura.
Odontologia: as fissuras também causam, muitas vezes, a ausência de estrutura óssea no local da fissura. As diversas especialidades atuam em toda as idades do paciente, desde a primeira dentição até a substituição de elementos ausentes na dentição adulta, visando a preservação dos dentes, correção do crescimento craniofacial e reabilitação oral completa.
Especialidades médicas: além da cirurgia plástica, outras especialidades médicas têm seu papel no processo de reabilitação das fissuras: anestesiologia, cirurgia pediátrica, clínica geral, ecocardiografia, genética, medicina intensiva, neurocirurgia, nutrologia, otorrinolaringologia.
Em geral, a criança com fissura labiopalatina recebe a cirurgia de lábio nos três primeiros meses após o nascimento e o fechamento do palato por volta dos 18 meses de idade; essas são as chamadas cirurgias primárias. Além das cirurgias, outros atendimentos são indispensáveis para a plena reabilitação, sendo que o abandono ou o não tratamento traz sérias consequências para o paciente.